Os autores de O Trovão da Justiça alegam que Maria se referiu a si mesma como a que “esmagaria a serpente [Satanás],” no tempo do fim, visto que ela supostamente é a mulher de Gênesis 3:15. Examinaremos detalhadamente esta passagem bíblica e vejamos se esta interpretação é correta. Em Gênesis 3:15 a Bíblia diz:
“E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua descendência e o seu descendente; este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”. Este versículo é uma profecia e por sua vez uma promessa de que algum dia certo Filho, especificamente um menino varão, nasceria neste mundo [um descendente de Eva], para lidar com o Diabo, e que, apesar d’Ele próprio ser gravemente ferido na contenda (a sua morte na cruz), de qualquer forma venceria o inimigo dando-lhe um golpe fatal na cabeça no final dos tempos.
“Portanto, visto que os filhos participam da carne e do sangue, também ele participou das mesmas coisas, para que pela morte aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo” (Hebreus 2:14).
SÍMBOLO DA IGREJA
Em Gálatas 3:16 a Bíblia aclara mais que “…as promessas foram feitas a Abraão e a seu descendente. A Escritura não diz: E a seus descendentes, como falando de muitos, mas como de um só: E a teu descendente, que é Cristo”.
Desta forma, é definidamente fácil verificar que não é Maria mas o seu descendente, que é Cristo, que finalmente destrói Satanás. Voltemos agora a ler Gênesis 3:15 com a sua devida clareza:
“E porei inimizade [hostilidade] entre ti [Satanás] e a mulher [Eva], e entre a tua descendência [os seguidores de Satanás] e o seu descendente [os descendentes da mulher por via de Cristo o Libertador]; este [Cristo, o descendente prometido, o próprio Libertador] te ferirá a cabeça, [o golpe de morte.
— A vitória definitiva de Cristo sobre Satanás e a destruição terminal e eterna de Satanás depois do milênio (ver Ezequiel 28:18 e 19 e Apocalipse 20:6-9) e tu [Satanás] lhe ferirás o calcanhar [ a morte de Cristo na cruz- uma ferida grave, mas não permanente, porque Ele levantou-se dos mortos, tendo as chaves da morte e do Hades ou sepulcro (Apocalipse 1:18), depois de ter saqueado por completo o império e a potestade de Satanás] .”
O livro, O Trovão da Justiça, pretende além disso que a profecia de Genesis 3
“... Se cumpriu em Apocalipse 12, onde Maria é o grande sinal do Céu: 'Viu-se um grande sinal no Céu: uma mulher vestida de sol, tendo a lua debaixo dos pés, e uma coroa de doze estrelas sobre a cabeça’. O Papa Paulo VI, na sua encíclica de 1967, Signum Magnum, identificou a Nossa Senhora de Fátima como a representação bíblica da mulher vestida de sol” (O Trovão da Justiça p. 94).
O livro, além disso declara que “Maria, a mulher vestida de sol, aparece como um sinal e explica os segredos do Livro da Revelação” (Id. P. 88)
Este livro também sustém que “O 12 de abril de 1947, em Tre Fontane (Três Fontes), Roma, Itália, Nossa Santíssima Mãe, anunciou, ‘Eu sou a Virgem do Apocalipse’ (Ibid. p. 89).
O Padre Gobbi, um dos sacerdotes do Movimento Mariano, que se diz ter recebido mais revelações da parte de Maria do que qualquer outra pessoa, afirma que a Virgem Maria lhe disse o seguinte a 24 de abril de 1980: “Eu sou a Virgem da Revelação. Em mim, a obra suprema do Pai se realiza de maneira tão perfeita, que Ele pode derramar em mim a luz da sua predileção.
O verbo assume a natureza humana no meio seio virginal, e assim pode vir vós por meio da minha verdadeira função de mãe. O Espírito Santo atrai-me, como um íman, para o íntimo da vida de amor entre o Pai e o Filho, transforma-me interiormente e assemelha-me tanto a Ele que me faz a sua Esposa… Levá-los-ei [plural] à plena compreensão da Sagrada Escritura”. (Id. P. 90).
Prezados amigos, a Bíblia nunca disse que Maria interpretaria as Escrituras, mas sim o Espírito Santo teria essa função. “Mas Deus no-las revelou pelo seu Espírito. O Espírito penetra todas as coisas, até mesmo as profundezas de Deus…
Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus… Disto também falamos, não com palavras de sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais” (I Coríntios 2:10, 11b, 13).
Novamente em João 16:13 e 14, Jesus disse a seus discípulos: “Mas quando vier o Espírito da Verdade, ele vos guiará em toda a verdade… e vos anunciará o que há de vir. Ele me glorificará porque há de receber o que é meu, e vo-lo há de anunciar”. De modo que foi ao Espírito Santo, membro da Deidade — e um ser não criado — que foi incumbida a interpretação das escrituras com o propósito de guiar àqueles que de coração procuram as verdades da Palavra de Deus.
Não obstante, O Trovão da Justiça, continua a dizer que Maria falou da seguinte maneira ao Padre Gobbi: “Sobretudo, lerei as páginas do seu último livro [Apocalipse], que estão vivendo. Nele já está tudo predito, até mesmo aquilo que há de suceder. Está claramente descrita a batalha à qual vos chamo e está preanunciada a minha grande vitória”. (Ibid.)
APOCALIPSE 12
Estudemos agora Apocalipse 12 com mais detalhes para ver se é verdade que a “mulher vestida de sol” é a Virgem Maria: Mas, antes de fazê-lo, vejamos bem alguns fatos relacionados com o livro de Apocalipse. Em primeiro lugar, este livro não é um “mistério”, mas sim “a revelação de Jesus Cristo… ao seu servo João” (Apocalipse 1:1).
O nome Apocalipse é idêntico em português à palavra grega da qual se deriva e que significa “divulgação”, “descobrimento” ou “revelação”. Portanto, o livro de Apocalipse não deve ser visto como um mistério, mas como algo que todo o estudante sincero da Bíblia pode e deve entender.
Em segundo lugar, o Apocalipse é um livro profético que prediz “coisas que brevemente devem acontecer” (Apocalipse 1:1). Em terceiro lugar, o livro está repleto de sinais e símbolos, e este é o método por meio do qual Deus mostrou o futuro a João, que segundo ele mesmo diz:
“... testificou da Palavra de Deus, do testemunho de Jesus Cristo, de tudo o que viu” (Apocalipse 1:2).
Ele, por exemplo, viu uma besta que tinha sete cabeças (Apocalipse 13:1); “um grande dragão vermelho que tinha sete cabeças e dez chifres” (Apocalipse 12:3); e “a grande prostituta que está assentada sobre muitas águas” (Apocalipse 17:1).
Todo estudante da Bíblia deve saber que a Bíblia é a sua própria intérprete. Tomemos como exemplo Apocalipse 17:1- “da grande prostituta que está assentada sobre muitas águas”. Se consultarmos o versículo 15 do mesmo capítulo, vemos que a escritura diz:
“As águas que viste, onde se assenta a prostituta são povos, multidões, nações e línguas”.
Torna-se então patente que a prostituta não é uma prostituta literal sentada no Oceano Atlântico, mas sim uma representação ou figura de um certo tipo de organização poderosa que abarca muitos povos, multidões, nações e línguas sob a sua jurisdição.
E não importa qual seja a política e a influencia desta identidade, pois definitivamente não funciona com a aprovação do autor do Apocalipse.
É interessante que através de todas as Escrituras, a sagrada relação de Deus e os seus seguidores fiéis compara-se a um matrimônio. Reparemos na reação de Deus quando esta relação se degenerou até chegar a infidelidade:
“Se um homem despedir sua mulher, e ela se ausentar dele, e se ajuntar a outro homem, tornará mais ele para ela? Não se poluiria de todo aquela terra? Mas, tu [Israel] te maculaste com muitos amantes [seguindo a idolatria e as práticas corruptas das nações pagãs que os rodeavam]; tornarias agora para mim diz o Senhor. Levanta os teus olhos aos altos, [lugares de adorações de ídolos e dedicados a imortalidade] e vê: onde não te prostituíste? [a implicação é que não existia lugar em que não se houvesse contaminado]
Nos caminhos [as vias principais de transporte] te assentavas para eles, [como a prostituta a procura de clientes] como o árabe no deserto [ou seja, como o ladrão escondido no deserto ansiosamente esperando assaltar a viajantes e caravanas].
Manchaste a terra com as suas devassidões, e como a tua malícia. Pelo que foram retiradas as chuvas, e não houve chuva tardia; mas tu tens a testa de uma prostituta, [uma atitude descarada ou desavergonhada] e não queres ter vergonha…Volta, ó rebelde Israel, diz o Senhor… pois eu vos desposarei” (Jeremias 3:1-3, 12, 14).
Portanto, uma prostituta na Bíblia emprega-se como símbolo de uma igreja infiel que abandonou o seu Esposo, Jesus Cristo, e está tendo relações ilícitas com outros homens, líderes ou deuses deste mundo. (Vejam-se os capítulos 16 e 23 de Ezequiel para maiores detalhes).
Com isto em mente, passemos agora a estudar a “mulher” de Apocalipse 12m que é tanto um símbolo de uma organização religiosa de muita influência como o é a “prostituta” de Apocalipse 17, e vejamos se a “mulher” é a na verdade a Virgem Maria.
Apocalipse 12:1 começa com a visão que João tem de uma mãe simbólica que aparece no Céu “vestida do sol, tendo a luz debaixo dos pés, e uma coroa de doze estrelas sobre a cabeça”.
Está grávida e ansiosa de dar a luz (verso 3), e Satanás está presente na forma de um dragão “para que, dando ela à luz, lhe devorasse o filho” (verso 4). Milagrosamente, o menino escapa e “foi arrebatado para Deus e para o seu trono” (verso 5).
Se procurarmos interpretar estas Escrituras literalmente, conjeturando que a mulher é a Virgem Maria, imediatamente surgem muitas perguntas. Os que aceitam esta interpretação raciocinam da seguinte maneira: “No fim de contas, não foi a Virgem Maria que deu a luz o menino Jesus, e não foi o seu filho o objeto primordial da cólera do diabo?
Portanto, a mulher tem de ser Maria!” Para podemos responder notemos o seguinte: Em primeiro lugar, João viu “um grande sinal” no Céu e imediatamente reconheceu como algo de grande importância para o mundo. Apesar dele conhecer a Maria muito bem, jamais declarou: “Eis que aqui vejo a figura glorificada da mãe do meu Senhor no Céu”!
Em segundo lugar, já se viu alguma vez uma mulher “tendo a lua debaixo dos pés” ou “vestida de sol”? Em terceiro lugar, já se viu alguma vez um dragão, e para o cúmulo, um que tenha “sete cabeças”? Portanto, estas palavras têm de ser uma aplicação simbólica a eventos literais.
E porventura não é isto o que esperaríamos descobrir dado que “a revelação de Jesus Cristo” é algo que Deus lhe deu e “as enviou [através de sinais, ou símbolos] pelo seu anjo, e as notificou ao seu servo João…”? (Apocalipse 1:1).
E não era esta uma maneira excelente de revelar informação confidencial aos seus fiéis seguidores que viviam sob um governo totalitário e que o leitor ocioso e desinteressado não veria mais do que uma quantidade de palavras e imagens desconexas? Quão sábio é, e como cuida do seu povo o Deus das Sagradas Escrituras!
UMA CONTRAFAÇÃO
No antepenúltimo parágrafo referi que uma mulher, quando aparece representada por uma prostituta, entende-se que é um povo ou uma igreja apóstata. Mas, além disso, a palavra tem todavia outro significado quando se utiliza simbolicamente. Assim como uma prostituta podem simbolizar uma igreja impura, a figura de uma virgem podem empregar-se como representação de uma igreja pura. Isto está exemplificado nas duas seguintes citações das Escrituras:
“À formosa e delicada assemelhei a filha de Sião” (Jeremias 6:2). e “Porque estou zeloso de vós com zelo de Deus; porque vos tenho preparado para vos apresentar como uma virgem pura a um marido, a saber, a Cristo” (2 Coríntios 11:2).
Desta forma, não será então possível que a “mulher” de Apocalipse 12 represente a “verdadeira igreja” e não a Virgem Maria? Além disso, as suas vestes são o “sol”, tem a “lua” debaixo dos pés, e tem uma coroa de “doze estrelas”.
Qual é o significado da “mulher” vestida de “sol”? Certo dia, de manhã muito cedo, Jesus achava-se ministrando no templo de Jerusalém quando nascia o sol que se levantava em todo o seu esplendor sobre o Monte das Oliveiras e a propósito pronunciou as seguintes palavras:
“Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida” (João 8:12).
Malaquias, o último profeta do antigo testamento, descreveu o Prometido como “o Sol da Justiça” (Malaquias 4:2). Quando estava em visão na ilha de Patmos durante a última década do primeiro século de nossa era, João viu “uma mulher vestida de sol” — ou seja, vestida da gloriosa luz do “Sol da Justiça”! Claramente este evento transcendental aplica-se ao nascimento do Deus-Homem, o Messias.
A noticia mais importante de todos os séculos é que o Libertador por tanto tempo prometido chegou! A mulher formosa — por tanto tempo reconhecida por ele (ao envelhecido João), como uma representação dos fiéis seguidores de Deus tanto dos tempos do Antigo Testamento como do Novo — agora por fim aparece iluminada por um brilhante resplendor da Sua imediata Presença!
Além disso, ela aparece com “a lua debaixo dos pés”.
A dispensação mosaica (a do Antigo Testamento) acabara de terminar e tinha sido substituída pela dispensação evangélica. Assim como a luz menor da lua vem do sol, da mesma maneira o sistema de sacrifícios, como seu sacerdócio levítico, festas etc., havia refletido uma glória menor que provinha de tipos e sombras. Perante a plena glória espiritual da era evangélica, tudo isto se converteu em antítipo e substância.
COROA DE 12 ESTRELAS
A “mulher” leva uma “coroa de doze estrelas” que representam os doze apóstolos. “Pela figura da prolepse, a igreja é representada como inteiramente organizada com os seus doze apóstolos, antes de Cristo, como criança, aparecer em cena. Finalmente se explica isso pelo fato de que ela devia ser assim constituída logo depois de Cristo começar o seu ministério. Ele está relacionado de uma maneira mais especial com esta igreja do que com a primeira dispensação” (As Profecias do Apocalipse p. 162).
Para João, com a sua perspectiva da conclusão da Era Apostólica e o começo de outra, descrita na sua visão de Apocalipse 12, que apenas entrava nas suas primeira etapas, esta dita antecipação pareceria tão lógica como apropriada. E também o é para nós atualmente.
Contudo, os eventos do nascimento de Cristo e da sua curta vida aqui na Terra, descritos na visão de João, tiveram tanto impacto sobre o desenvolvimento da história de nosso mundo que atualmente e de forma universal se designam os anos como antes e depois de Cristo (em português utilizam-se as abreviações A.C e D.C).
De toda esta informação esclarecida até o momento, depreende-se o fato de que “seu filho”, Jesus Cristo, nasceu para o benefício da igreja verdadeira. Ele foi um Dom do Céu para os fiéis seguidores de Deus em geral, inclusive Maria, a qual formava uma pequena mas importante parte da “mulher” descrita na visão de João.
E quem foi que ocasionou sofrimento e tentação ao maravilhoso menino Jesus?
“Viu-se também outro sinal no Céu: um grande dragão vermelho… parou diante da mulher que estava prestes a dar á luz…” (Apocalipse 12:3. 4).
No versículo 9, inteiramo-nos que o Dragão é “a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, que engana todo o mundo” e que em certa altura procurou destruir o menino Jesus. Trata-se de símbolos!
Na visão, o dragão é visto no Céu — todavia, Jesus, como é bem sabido, nasceu na Terra. Então, o que representa na Terra o símbolo do Dragão? Todos os que tem ouvido a história da Natividade sabem que foi o Rei Herodes que enviou soldados a Belém para destruir a todos os meninos varões, esperando matar entre eles a Jesus.
Os soldados de Herodes não encontraram o menino Jesus porque Deus por meio de um sonho havia avisado os seus pais para escaparem. O rei Herodes era um títere dos romanos. Toda a gente conhece também a Pôncio Pilatos — outro administrador romano — que entregou Jesus para ser crucificado.
Foi Roma quem intentou destruir a Jesus. O grande dragão vermelho representa primeiramente a Satanás; e em segundo lugar o seu agente — Roma, que atua da parte de Satanás.
“Triunfantemente, depois que Satanás e Roma mataram o nosso salvador, Jesus levantou-Se dos mortos e ‘foi arrebatado para Deus e para o seu trono’ (Apocalipse 12:5), onde está “vivendo sempre [como Sumo Sacerdote] para interceder por eles’ (Hebreus 7:25).
“Frustrado na sua intenção de dar morte ao Filho, o grande dragão vermelho dirige agora o seu ódio contra a mãe do Filho. Mas “a mulher fugiu para o deserto, onde já tinha lugar preparado por Deus, para que ali fosse alimentada durante mil duzentos e sessenta dias” [Apocalipse 12:6] (Deus Revela o Futuro Vol 2, p. 321).
Como veremos mais adiante, a experiência da “mulher” [desde a ascensão de Cristo ao trono do Seu Pai até que os “demais filhos dela” apareçam e terminem a obra de Deus na Terra pouco antes de fechar o tempo da graça dos últimos dias] enquadra muito melhor com a história da igreja do que com a Virgem Maria.
NOTA:
Este artigo foi extraído do capítulo 5 do livro 'A Virgem Maria está morta ou viva?' de Danny Vierra, que você pode baixar na íntegra AQUI.
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